O vídeo do abraço dado pela voluntária Luna, da Cruz Vermelha a um migrante, em Ceuta causou muita comoção, e claro, também críticas. Mas por que esse gesto humanitário impressionou tanto?
Vivemos em tempos que abraços estão escassos, quase em extinção, devido ao distanciamento físico pela pandemia e também pela falta de empatia para com o outro, além disso, as pessoas parecem mais reprimidas e com medo de demonstrar os sentimentos. O abraço é a mínima distância entre dois corações, acho que por isso é tão simbólico e íntimo até mais que o próprio beijo.
E diante da crise que muitos países estão passando, cresce o número de pessoas que estão se deslocando para outras regiões em busca de segurança, oportunidades e qualidade de vida. No entanto, muitos ainda não sabem a diferença entre um migrante e um refugiado. Segundo a ACNUR*, REFUGIADOS são pessoas que escapam de conflitos armados ou perseguições. Já MIGRANTES escolhem se deslocar, não por causa de uma ameaça direta de perseguição ou morte, mas principalmente para melhorar sua vida em busca de trabalho ou educação, por reunião familiar ou por outras razões.
Agora, consideremos aqui que todos nós, habitantes da terra, somos migrantes, nossos antepassados foram migrantes, pois a humanidade precisou se locomover para ser o que é hoje. Não somos pedras, e mudamos temporariamente, às vezes, definitivamente, que seja de cômodo, casa, bairro, cidade ou país. Somos livres para escolher o que achamos o que é melhor para nós e, para muitos que vivem em zonas de conflitos, é necessário deslocar-se para sobreviver, então por que tanta xenofobia?
Os que chegam para viver em outro território são rotulados como "imigrante", no entanto, estes são indivíduos com capacidade, valores, cultura e uma história. E as condições de uma pessoa que migra para outro território que não é sua terra natal, na maioria das vezes, é complicada e dolorosa, pois tem que abrir mão da família, dos bens e tudo que conquistou para reconstruir uma nova vida em outro local, longe dos entes queridos e suas referências. Para muitos, não é questão de escolha, e sim de sobrevivência. Carregam na mala, sacrifícios, incertezas e a responsabilidade de ter deixado pra trás uma parte de sua vida, sem a garantia ao menos de saber se será bem acolhido e se conquistará seus sonhos, fora os riscos durante a travessias em busca de uma nova vida.
Essa foto estampado no início desse post e que rodou o mundo, traduz exatamente o significado do abraço para um refugiado/migrante: o conforto e o apoio em meio a tanto caos. O abraço nos faz seres humano mais tolerantes, mais empáticos e mais solidários. O abraço conforta e acalenta aquele que precisa, traduzindo a palavras que não consegue ser expressada. É um gesto universal de paz e que mostra que não está só.
Que neste mundo, possamos ser mais tolerantes e nos colocarmos no papel do outro, aceitando e respeitando as diferenças e construindo juntos um lugar melhor, já que esse mundo é tão grande.
*ACNUR: Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.
Comentários
Postar um comentário