2020. Eita ano difícil que foi esse, que loucura! Será o ano que todo mundo se lembrará, pois de alguma forma, afetou e transformou as vidas de todos, e tudo por causa de um ser microscópico, o famoso Corona vírus, ou Covid19, como simplificadamente é chamado.
Por isso, preciso deixar registrado aqui, como sobrevivente, um pouco do que foi esse ano, que espero que não se repita nunca mais!!
Tudo começou do outro lado do mundo, lá na China, na cidade de Wuhan. Dizem que foi um vírus decorrente do morcego e foi se alastrando país a país até que, inevitavelmente chegou aqui no Brasil, após o Carnaval e fomos obrigados a fazer a quarentena, que iniciou no dia 16 de março, e virou eterna. As pessoas foram proibidas de se abraçarem, se beijarem, se socializarem, viajarem, foi obrigatório o distanciamento social de no mínimo 1,5 m., o uso de máscaras em locais públicos e a higienização com álcool em gel nas mãos e em tudo que se tocava. O comércio, por um tempo ficou restrito, apenas os serviços essenciais como farmácias, comidas e hospitais estavam funcionando, o restante da população FICA EM CASA, essa foi a ordem da vez. E as varandas foram as protagonistas dos cômodas de casas e apartamentos, pois era onde as pessoas podiam "socializar", presas em casa. Quase tivemos aqui o lockdown, mas o governo considerou uma medida extrema e tiveram medo de implantá-la, mas muitos países fizeram para diminuir os casos. Escolas, trabalhos, compras, tudo online. Houve um boom de vídeo conferencias no Zoom, Google Meet, Whatsapp e Skype. Perdi o número de lives que aconteceram nas redes sociais, e havia de tudo, shows musicais, meditação, cultos, aulas... Construíram às pressas, hospitais de campanhas para atender pessoas com Covid, pois a rede pública e privada já estavam saturadas. O mundo inteiro se mobilizou para agradecer os profissionais da saúde que estavam na linha de frente, e todo dia o número de casos de mortos e infectados aumentava. Evitava-se ao máximo aglomerações e havia o grupo de risco mais vulnerável que precisava ter os cuidados redobrados. Mas com o tempo, as pessoas foram se cansando e afrouxaram as medidas de segurança e fomos para as fases coloridas; saímos da vermelha, laranja, amarela e azul...só que deu tudo errado de novo, os casos de infectados começaram a subir, os leitos dos hospitais super lotaram e voltamos pra vermelha. Tivemos o primeiro Natal, sem poder estar junto de toda família e o contato foi apenas via celular. Até que após vários testes, surgiram as benditas vacinas, nossa salvação, e em tempo recorde, de diversos laboratórios: a coronavac (nossa salvação aqui em São Paulo, que ainda está em produção, até o momento que estou redigindo este texto), a da Oxford, a da Pfizer, a Moderna e a SputinikV. Nossas esperanças se renovaram com a chegada delas, até virar um caso de política aqui e o Brasil pegar o final da fila. Só que daí surgiu a cepa do coronga, uma mutação do vírus que surgiu no Reino Unido e o caso ficou descontrolado, assustando de novo todo mundo, que teve que fechar novamente as fronteiras.
Graças a essa pandemia, surgiram novos termos que antes não ouvíamos muito circular por aí. Foi o caso do indivíduo "assintomático", que tem o vírus mas não possui sintomas; a tal "resiliência" ou a capacidade que a pessoa tem de lidar e superar as adversidades; e a "empatia" fundamental nesse período, pois as pessoas precisavam entender o próximo e assim cuidar e respeitar. Como ficamos isolados em casa, tivemos tempo para o autoconhecimento. Houve muitos casos de crise de ansiedade, depressão pelo isolamento social e até o números de casos de mulheres agredidas aumentaram nessa pandemia. No Japão, casos de suicídios aumentaram muito também. As pessoas estavam a flor da pele, e um simples "coloque a máscara", era motivo de agressão. É, a saúde mental das pessoas alterou bastante. O vírus mudou tudo, vários projetos foram por água abaixo, desempregos, viagens canceladas, planos desfeitos e compromissos "adiados", sem saber quando. Houve um enorme impacto mundial não só na economia, mas no social, que foi abruptamente, atingido. Descobrimos quem realmente se importava com o próximo, respeitando os distanciamento social, no meio de uma pandemia, enquanto outras pessoas desobedeciam as regras visitando parentes, amigos, festejando, viajando por não "aguentarem" mais ficar em casa...difícil essas vidas egoístas; teve até a turma dos que acreditavam que o vírus era só uma "gripezinha", para esses, sem comentários.
Mas também, no meio de todo esse caos, teve muita coisa boa acontecendo: descobrimos a importância do SUS (serviço público de saúde) que estava sucateado pelo Estado, vimos muitos animais nas ruas, menos poluição e mais estrelas no céu, identificamos quem são os verdadeiros amigos, aqueles que não largaram a mão mesmo estando distante e fez da internet o melhor meio para encurtar essa distância, e até aquelas distancias à mais 8.000 km pareciam pequenas. Soube que depois de quase 40 anos, meu tio parou de fumar, muitas pessoas fizeram as pazes, surgiram novas amizades mesmo que virtuais, descobri várias habilidades: de cabeleireira com o meu pai, enfermeira medindo a pressão, chef gourmet, especialista em frutas, jardinagem, técnica em eletrônica, enfim, de tudo um pouco. Pude continuar com o voluntariado, mesmo virtualmente; consegui um trabalho home office maravilhoso numa empresa espanhola; reservei, sagradamente, um tempinho para me exercitar; a leitura (relax) também ganhou um espaço no meu dia, descobri novos hobbies, o vinculo com meus vizinhos melhoraram muito e teve até happy hour virtual! Participei também do meu primeiro congresso online, uma experiência esquisita, pois parecia que estava apresentando sozinha para uma tela de computador, só com uns quadradinhos. Estar ao lado da minha família e poder cuidar deles, foi um grande privilégio.
Enfim, tivemos que nos adaptar ao "novo normal", e esse termo confesso que não curti. Não podemos voltar no tempo, mas podemos recuperar este ano que foi quase perdido, se não fosse pelo aprendizado, duro, que nos ensinou a ter muita paciência. Aprendemos a dar valor às coisas mais simples, aprendemos que a frase "tô aqui contigo", mesmo de longe faz uma grande diferença quando tudo parece estar uma grande merda. Que não devemos deixar nada para amanhã, que podemos sim, chorar, sofrer e sentir quando estamos tristes e pedir ajuda quando nos sentimos fracos. Que nossa liberdade não tem preço e que o mundo é realmente muito pequeno. Na verdade, 2020 foi um grande ano, pois em meios a tantas adversidades, e muitas vezes, chegando ao nosso limite, seguimos aqui vivos e junto às pessoas que amamos, e tudo isso nos tornou muito mais fortes. Gratidão.
E depois de todas essa odisseia, contamos os minutos esperando com fé, que 2021 seja mais leve e generoso, de mais contatos calorosos, de corações mais próximos, projetos realizados, e que possamos valorizar ainda mais os encontros. E quantas comemorações estão já previstas! A pandemia ainda continua e temos que manter os cuidados, mas já temos uma luz no fim do túnel, e a única certeza é que sairemos dessa diferentes, não somos mais os mesmos de antes, mudamos. Que 2021 seja um ano de mudanças (BOAS) e de (MUITOS) melhores momentos para todos, e sem mais retrocessos, por favor.
(*Em memória à todas as vítimas da Covid-19)
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